sexta-feira, janeiro 16

porque os pequenos amores também foram grandes

Lembro-me da primeira vez que te metes-te comigo porque o desenho da minha camisola era "bué da fixe" e passavas a aula a desenhar, da primeira vez que nos encontramos juntos fora da escola e fui às compras contigo e que te ajudei a escolher o teu fato de banho, de quando querias entrar sempre primeiro que o meu companheiro de carteira nas salas de aulas para ocupares o lugar ao meu lado, das mensagens que escreviamos nos cadernos para os professores não apanharem a conversar.
A forma engraçada que punhas os meus óculos no sitio certo na minha cara, de quando saíamos da explicação ias às minhas cavalitas até à tua casa, as horas que vagueámos pelas ruas desta pequena cidade juntos e de braço dado, como passavamos sempre nos sinais verdes e só nas passadeiras, os sorrisos, risos e lágrimas partilhados, de quando deixas-te de fumar e como celebrámos esse acontecimento, teres-me convencido a passar mais tempo contigo depois de ter terminado a minha época desportiva numa ocupação à qual nunca tinha-me chamado atenção, os milhares de surpresas e alegrias que planeávamos juntos para os nossos amigos, todas as pequenas e grandes prendas que oferecíamos um ao outro, o sentimento que tocava na alma em cada abraço nosso, os ciúmes que o teu namorado tinha de mim até ao dia em que me pediu desculpas, a forma de como te ficavam enormes as minhas t-shirts, os lanches em tua casa antes de irmos estudar juntos, a confiança que tinhamos um com o outro, o teu teste de confiança que me fizes-te em que se te beijasse o mundo seria diferente apartir desse momento e me obrigas-te a jurar a não contar a ninguém e no dia seguinte chegas-te à escola a chorar porque tinhas contado ao teu namorado, a tua alegria quando decidi fazer uma viagem de finalistas só por ti e para ti.

Lembro-me do dia em que tirei a carta de condução e foste a primeira a andar de carro comigo, dos ciúmes que começas-te a ter quando tinha namoradas, de quando ingressamos para o ensino superior deixamo-nos de falar, da distância que a vida e o tempo nos foi impondo cada vez mais, de como hoje em dia já não sabemos nada um do outro e que sentimos cada vez que nos re-encontramos a saudade de voltar atrás e estarmos juntos de novo...

1 comentário:

  1. sim, medo de arriscar. MUITO medo.
    a vida parece injusta, parece incolor.
    Obrigado pelo teu comentário.
    Bj

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